quarta-feira, 4 de junho de 2008

Áudios demonstram que Yeda sabia da fraude, avaliam petistas

Foto: Guerreiro / Ag AL

Após ouvir a reprodução de 34 ligações interceptadas pela Operação Rodin, o clima era de indignação entre muitos dos 21 deputados que participaram da reunião de trabalho da CPI do Detran na tarde desta quarta-feira (4). “É uma tarde triste. Ficamos perplexos com o que ouvimos”, sintetizou o presidente da CPI, deputado Fabiano Pereira, do PT, ao final da escuta coletiva. Para Fabiano, a audição comprovou que muitos depoentes não falaram a verdade nas oitivas e reforçam a necessidade da Comissão Parlamentar na apuração das responsabilidades políticas pelo desvio de recursos do Detran.

“Espero que a notícia para o Brasil não seja apenas a da existência da fraude, mas das medidas que serão tomadas para punir os responsáveis e impedir a repetição disso no futuro”, disse. Fabiano declarou, ainda, que o simples fato de saber que a governadora pode ter sido consultada sobre os problemas já é muito grave. Em pelo menos duas ligações, Yeda é citada como quem decidiria a disputa entre os sistemistas do Detran. A indignação do presidente da CPI foi reforçada por vários parlamentares, inclusive da base do governo, que se manifestaram exigindo esclarecimentos da cúpula do Executivo sobre os áudios, que envolvem diretamente o secretário de governo e de comunicação, o tucano Delson Martini, na intermediação das negociações entre os acusados da fraude.

Em um dos diálogos entre os réus Flávio Vaz Neto e Antônio Dorneu Maciel fica claro que Delson Martini era quem deveria esclarecer, em nome da governadora, o caminho a seguir nas negociações entre o Detran, a Fundae e os sistemistas. Baseado nessas evidências, o deputado Elvino Bohn Gass, do PT, apresentou publicamente o requerimento de convocação do secretário Martini, que acabou sendo assinado por nove dos 12 titulares da CPI. O primeiro a assinar foi o deputado Alexandre Postal, do PMDB, que havia se comprometido a votar a favor da convocação se fossem mostradas provas do envolvimento do secretário.

Organograma
Para Bohn Gass, ficou evidenciado que era Martini o responsável por decidir a disputa que estava ocorrendo entre duas facções da fraude, uma ligada a Lair Ferst e Chico Fraga e outra ligada a Vaz Neto e Maciel. Valendo-se de um organograma, Bohn Gass demonstrou o papel que era ocupado pelo secretário de governo no esquema, de árbitro das disputas. Para o deputado petista, os áudios explicitam, também, que a governadora sabia de tudo e determinou o que fazer através de seu homem de confiança, Delson Martini. “Os áudios não deixam dúvidas do envolvimento do centro do governo. O que vi aqui foi o desmoronar de um governo inteiro. A casa caiu!”, declarou.

A deputada Stela Farias, do PT, também manifestou sua revolta com as evidências tornadas públicas pela CPI. “Fomos desrespeitados por homens e mulheres que posaram aqui de inocentes”, disse. Stela entende que os áudios são instrumentos da CPI para a identificação do grau de comprometimento e responsabilidade de cada um dos agentes envolvidos na fraude. Para ela, a publicização dessas provas reforça o trabalho sério realizado pela CPI. “Tenho muita convicção de que estamos cumprindo, com esta investigação, um papel importante para os gaúchos. Vamos aproveitar o tempo que nos resta e aprofundar ainda mais os trabalhos para chegar nos responsáveis políticos por esta fraude”, concluiu.

A CPI realiza nova audiência pública amanhã, a partir das 18h, no Plenarinho da Assembléia Legislativa e deve ouvir Alexandre Barrios, Rosmari Gress Ávila Silveira e José Antônio Fernandes, dono da Pensant. O requerimento convocando Delson Martini será votado na próxima segunda-feira, dia 9. O secretário tem até o dia 19 para comparecer à Comissão.

João Ferrer MTB 8078 PT 19:04 - 04/06/2008

Um comentário:

Magnos Oliveira disse...

Tá uma vergonha a política no Estado.