domingo, 28 de março de 2010

Um olhar sobre Chapecó é o mais novo ensaio fotográfico do DC Online


Imagens são de autoria de Alan Pedro, recém-chegado à principal cidade do Oeste

Pedro Rockenbach | pedro.rockenbach@diario.com.br

O mar transformou-se em rio. A rede de pesca virou arado. O fotógrafo surfista, agora, rasga as ondulações dos campos de soja. Em 6 de fevereiro de 2010, Alan Cristiano Moreira Pedro desembarcava em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, depois de viajar oito horas e percorrer 600 quilômetros. Havia saído de Garopaba. Na bagagem, a máquina fotográfica, o olhar curioso e um sonho realizado: a conquista do primeiro emprego fixo como fotojornalista.

O tradicionalista tomando chimarrão, a silhueta dos prédios no horizonte do pôr do sol avermelhado, o idoso vendedor de algodão doce refrescando-se às sombras da praça são cenas comuns do cotidiano da maior cidade do Oeste catarinense.

Mas para Alan Pedro tudo era novidade. A cada esquina uma descoberta, naquilo que já era lugar-comum para os moradores da cidade.

— Achei que estava em outro Estado quando cheguei aqui — relembra Alan.

O deslumbramento e a vontade de registrar, em detalhes, a terra desconhecida, misturados a ansiedade do sonho realizado, só podia resultar em ensaio fotográfico, desejo de todos aqueles que vêem o mundo atrás de uma lente.

Chamar, simplesmente, de fotos chega ser uma blasfêmia. São obras. Obras saturadas de sentimentos, capturados em cada movimento, em cada expressão dos personagens. Pode ser num casal trocando carícias num banco de praça ou no guri de traços indígenas. Tudo por ângulos inéditos.

— Sei que é algo que todo mundo fala, mas para ser fotojornalista tem que ser apaixonado pelo que faz.



Carreira começou há 10 anos

Alan Pedro tem 30 anos de idade. Pai de família, levou a mulher e filha de um ano e oito meses para encararem, juntos, o desafio de um novo começo.

Até ser contratado como correspondente do DC na região Oeste, foram 10 anos de peleja como freelancer. Ou seja, não recebia salário fixo, vendia umas fotos aqui, outra acolá, para agência de notícias. Mas sempre manteve o foco: "Fotografar para uma grande empresa".

O sotaque não denuncia, mas Alan nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Foi para Criciúma com 13 anos. E, na cidade, descobriu a fotografia. Trabalhou como diagramador num jornal local e, por influência do colega de trabalho Maurício Vieira, interessou-se pelo fotojornalismo.

— Era diagramador (responsável pela montagem das páginas), aí tinha contato diário com fotos. Com o tempo, comecei a gostar cada vez mais, até ter certeza que era isso que queria para a minha vida.

Participações no diario.com.br

Foram dois anos de tentativas, insistência, viagens entre Florianópolis e Garopaba em busca de uma vaga no jornal. As primeiras contribuições foram publicadas aqui no diario.com.br. Também investiu nos estudos relacionados à área. Participou de cursos, workshops. Aprendeu a revelar e a dominar a máquina. Quando teve certeza que poderia viver do fotojornalismo, abandonou a diagramação.

— Sempre ligava, vinha aqui conversar com a gente mostrar o material. Aí, quando pintou a vaga, foi o primeiro nome que lembrei. O mérito de entrar no DC é todo dele — parabeniza Roberto Scola, subeditor de fotografia.

Esse mérito cobrou um valor alto. Precisou abrir mão, pelo menos em parte, de uma paixão incondicional. Algo que, para aqueles que praticam, é uma religião. Só quem surfa sabe a tristeza de estar longe do mar, o que "tornou muito difícil os primeiros dias".

Um novo amigo

Para se adaptar à nova vida, Alan encontrou apoio no parceiro de incursões jornalísticas pelo Oeste, o também repórter do DC Darci Debona.

— Ajudo situando os locais, explicando os contextos históricos. Ele se esforça bastante para pegar fácil as coisas. O único o problema dele é ser torcedor do Vasco. Mas seria pior se fosse do Grêmio — brinca o colorado Debona.

Alan Pedro alimenta outro sonho na carreira: ter uma foto que circule pelo mundo e estampe jornais em vários países, "o desejo de qualquer repórter", confidencia. Bom, para saber se ele está no caminho, confira este ensaio.
FONTE: DIÁRIO CATARINENSE

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