domingo, 4 de julho de 2010

O FENÔMENO DAS CAVALGADAS

Uma atividade que teve seu início na década de 70, com o passar dos tempos, tornou-se um hábito entre os gaúchos. As Cavalgadas.

Embora muitos queiram levar para si as “honras” de ter “inventado” as cavalgadas, ninguém sabe ao certo como e com quem começou essas andanças. Todas as pessoas com quem busquei informações não precisam datas, mas lembram de algum conhecido como “criador” das cavalgadas.

Eu mesmo me recordo de que, em minha cidade, São Francisco de Paula, um oriental que chamávamos de Tim-Tim, isto lá por 1975, 76, sempre, ao primeiro dia do ano,organizava uma cavalgada para comemorar o Dia Mundial da Paz. Mas não ouso afirmar que ele foi o pioneiro nas cavalgadas organizadas.

Penso que o grupo, ou quem por primeiro montou num pingo e se foi andejando campo afora, com a intenção de deixar registrada tal intenção, não vem ao caso e nem tem tanta importância.

O que realmente tem seu valor é o bem que as cavalgadas fazem a alma de seus participantes e que, ao agirem assim, indiretamente, estão fazendo reverências áqueles antigos tropeiros (como Cristóvão Pereira) que desbravaram o chão inóspito do Rio Grande levando por diante tropas de mulas, cambiando mantimentos, agindo por precisão, por esperança de um tempo melhor. O Corredores das Tropas, ainda com vestígios daqueles tempos heróicos, como restos de taipas e mangueirões, é uma das cavalgadas mais bonitas de se fazer. Tem até o cemitério onde, na Guerra dos Farrapos, o republicano Teixeira Nunes emboscou os imperiais, na vinda de Laguna, e deixou por ali dezenas de corpos. O Caminho das Tropas começa pelos campos de cima da serra e se vai em direção do Rio dos Touros e Rio Pelotas, na divisa com Santa Catarina, onde os animais cruzavam a nado e os tropeiros, embarcados em pequenas canoas.

Mas o tempo passou, as pessoas se organizaram e as cavalgadas proliferaram.

No Rio Grande do Sul são dezenas, centenas a cada ano. Pessoas de todas as origens que se mesclam nesta trilogia de natureza, homem, animal. Tudo com a intenção de fugir das correrias do dia-a-dia.

È comum o médico, o advogado, as mulheres, saírem de suas atividades profissionais e, ao cair da tarde, aos fim de semana, andejarem estrada afora. Para controlar as centenas de piquetes e milhares de amantes desta atividade, criou-se a Ordem dos Cavaleiros do Rio Grande do Sul e a do Brasil onde, comprovando que você percorreu um número x de quilômetros, recebe um título e passa a fazer parte da referida confraria.

Embora seja oficialmente um Cavaleiro Riograndense, o que muito me orgulha, eu gosto, na verdade, é de toldar meu mouro e sair meio solito, ao despacito, por estas quebradas da minha querência.

FONTE: BLOG LÉO RIBEIRO

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