quarta-feira, 15 de setembro de 2010

PINGO MALACARA

Pio Tressino Schneider

Meu redomão malacara,
orgulho de tapejara,
que tanto me tem servido
em marcação e rodeio
e até quando campereio
atrás de algum boi perdido!

Vem daí a devoção
que dedico ao redomão
malacara, quase xucro,
pois este pingo de fé
nunca deixou-me de a pé
e em carreiras me deu lucro.

Nos bolichos do meu pago,
enquanto bebo algum trago
e no truco me distraio,
este meu lindo cavalo
reconhece quando falo
e me espera até que saio.

Parceiro meio selvagem,
quanta vez me deu coragem,
cercado de adaga e faca,
eu defendendo bonito
e desde o primeiro grito
surrando até de guaiaca.


E quanto chiru crinudo
daqueles que topam tudo,
ao ir levantando a crista
como galo malcriado
caía de atravessado
e corria deixando a pista...

Certa vez ida me lembro
nas festanças de dezembro
na bailanta do Pedroca,
tudo aconteceu num upa
campo afora na garupa
levantei uma chinoca.

E também de um reboliço...
foi por causa de um mestiço
metido a facão sem cabo
com rompantes de índio macho
levou por cima e por baixo,
saiu encolhendo o rabo.

Mas o recuerdo mais sério
desta vida de gaudério
há de ser se este potro
não fique sempre comigo
e pra meu maior castigo
for parar na mão de outro.

* * * * * * *

Canoas - RS, 15.09.1972

enviado por: Ialmar Pio Schneider

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