segunda-feira, 21 de março de 2011

HOJE CÉSAR PASSARINHO COMPLETARIA 62 ANOS !!

César Escoto, o César Passarinho, (Uruguaiana, 21 de março de 1949 — Caxias do Sul, 14 de maio de 1998) foi um músico brasileiro.

Uma boina e um colete branco. Em cima do ombro, um pala. Nos pés, uma alpargata ou um par de botas combinando com a cor do lenço. César Passarinho, 49 anos, era o músico da pilcha.

O intérprete de Guri e Negro da Gaita. O cantor símbolo da Califórnia. Um homem quieto. De poucas palavras. Um muxoxo e não precisava mais que isso. No palco, ele se soltava. As mãos voavam como a reger uma sinfonia de um único cantor.

César Passarinho morreu, no Hospital Saúde, em Caxias do Sul. O cantor estava internado havia 43 dias tratando de um câncer no pulmão direito.

O apelido Passarinho é uma referência ao pai, que tinha a alcunha de gurrião (pardal). O filho do pássaro se transformou em passarinho.

O músico das milongas começou a carreira musical tocando nos bailes de Uruguaiana. O Grêmio Tiradentes, o Clube Caixeral e o Clube Comercial eram animados por conjuntos que tocavam música popular brasileira.

César Passarinho se destacou, entre outros, no Conjunto Hi-Fi. O mais inusitado de tudo era o seu instrumento.

Além de cantor, Passarinho era baterista. Foi com a 3ª Califórnia, em 1973, que ele descobriu a música regionalista com a apresentação da composição Último Grito.

César Passarinho sempre foi um homem da noite. Um boêmio. Era comum encontrá-lo no Corinthians ou no Bar do Cid – lugares em que ele se reunia com os amigos, em Uruguaiana. Durante a década de 70, a bebida afastou-o diversas vezes dos palcos.

Califórnia e César Passarinho são sinônimos. O festival e o músico começaram juntos. O cantor uruguaianense acabou se transformando na marca registrada do festival de música nativista.

Com quatro Calhandras de Ouro – troféu máximo da Califórnia – e a conquista de sete prêmios de melhor intérprete, Passarinho foi o mais destacado dos vencedores do festival.

Em 1983, com Guri, o pássaro-cantor voou mais alto do que se poderia imaginar. A canção subiu ao palco da Califórnia com nomes como Neto Fagundes e Renato Borghetti.

César Passarinho ensaiou a música um dia antes da interpretação. Foi ali que veio a redenção. Naquele ano, o músico se afastou das bebidas e passou a se dedicar à música.

César Passarinho será lembrado como um artista que gostava de cantar o romantismo e as coisas do campo. Com a sua morte, a geração Califórnia ficou órfã. O Rio Grande gaúcho está de luto.

A calhandra, pássaro de canto doce, que só canta quando está livre, nunca mais será entregue a um César que voava até no nome.

Guri (João Machado da Silva e Júlio Machado da Silva Filho) se encerra com os versos “E se Deus não achar muito / Tanta coisa que pedi / Não deixe que eu me separe / Deste rancho onde nasci / Nem me desperte tão cedo / Do meu sonho de guri / E de lambuja permita / Que eu nunca saia daqui”.

Passarinho foi sempre assim. Um guri que cantava. Um músico que continuará representando com sua voz o canto e a tradição do Rio Grande do Sul.

Elizabeth Nogueira da Silva

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