quinta-feira, 7 de abril de 2011

05 de Abril de 1894 - A Degola do Boi Preto

Revolução Federalista de 1893 - A Degola do Boi Preto
Mozart Pereira Soares

Entre os episódios ocorridos no antigo município de Palmeira das Missões durante a Revolução Federalista de 1893, tem particular interesse o morticínio do Distrito de Boi Preto, um dos maiores da luta que, só encontra paralelo no genocídio da Mangueira de Pedra (Rio Negro, Bagé), que o precedeu e, segundo voz corrente, foi ainda maior. Afirma-se que naquela cidade da Fronteira Sul, os sacrificados por Adão de La Torre (e outros) somaram 410, enquanto na hecatombe serrana , conforme telegrama do comandante do massacre Firmino de Paula ao Presidente Júlio de Castilhos, atingiram 370.

Minha Intenção ao divulgar o conhecimento é divulgar fatos pouco difundidos, testemunhados por alguns membros de minha própria família, dos quais ouvi, em criança, freqüentes relatos. Entre eles meu avô pateerno, naquela hora Tenente do corpo militar de Firmino, mais os dos seus dois cunhados, companheiros de farda., José Fidêncio e Mititão Rodrigues. As narrativas deles coincidem com o depoimento que grave, na entrevista com o Coronel da Brigada Miliatr do Estado José Rodrigues, às véspera do centenário de Palmeira das Missões.

Penso também justificarem-se algumas considerações sobre as degolas que não foram exclusivas de nenhum dos bandos em luta naquela hora sangrenta, mas, procedimento de ambos, com igual crueldade , se quisermos.

Naquele instante afigura-se-nos que as atitudes dos contendores obedeciam a Lei do Ódio, (diretamente proporcional à semelhança dos antagonistas: ambos perseguiam o mesmo alvo, a posse do Poder). Ao contrário , saber-se que na Revolução Farroupilha, não houve praticamente degolas, o mesmo ocorrendo com a de 1923.

O assunto comporta variadas indagações que, obviamente, aqui não se pode, desenvolver. Mas fica estas reflexões:
Que fazer, nessa Sociedade primitiva, meio carniceira desses tempos, com prisioneiros de guerra, às
vezes quase tão numerosos como os próprios aprisionadores?
Desarmá-los e libertá-los?
Este primeiro resultado é facilmente previsível: eles se rearmariam e voltariam.
Mantê-los escravizados?

É claro nessa condição estaríamos reproduzindo o último estágio social do prisioneiro de guerra conservado. Ou seja, transformando em servo. Isto, no entanto, só seria viável numa situação de anormalidade e não numa situação anômala. Outra conseqüência negativa para um contigente em luta armada: seria anular-se a eficácia contendora da corporação, convertida em vigilante e não beligerante. Ademais, outro sérios problema para entes humanos: como alimenta-los, se mal têm os vencedores para eles próprios?

Vê-se que a solução compulsória é a eliminação pura e simples do inimigo, exatamente como fizeram as duas hostes aqui em confronto. A diferença, no caso, seria de estilo de tratamento, mais ou menos tolerante mais ou menos rancoroso.



© Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões / RS
E-mail: pmpm@palmeiradasmissoes-rs.com.br -

Um comentário:

Leandro disse...

O combate do Boi Preto foi a aproximadamnte 30 km de Palmeira, muitos dos prisioneiros eram da região. Então o determinante na degola foi o fator ódio, a rivalidade política! Firmino era o chefe político da região de Cruz Alta e Palmeira. As mortes deviam servir de exemplo para que a autoridade dele não fosse contestada. A brutalidade do Cel. é conhecida em Palmeira e região não só pelo Boi Preto, mas por outros episódios de intolerância.