terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Rio Grande visto com a ternura do violino

Postado por Rogério Bastos 



A sonoridade do violino a partir das belas composições consagradas no folclore sul-americano, explorada no espetáculo da violinista, destaque do Festival Tradição e Coragem, de Pelotas, Clarissa Ferreira, pode ser conferido no projeto intitulado “Mariposa Marón de Madera”.

Nascida em Bagé, e residindo em Pelotas a sete anos, a violinista teve sua inserção à música folclórica através da participação nos grupos de dança tradicional do estado, e posteriormente no cenário dos festivais nativistas, onde já teve a oportunidade de dividir o palco com artistas reconhecidos como Luiz Marenco, Joca Martins, Aluiso Rockembach, Marcelo Oliveira, Lisandro Amaral, Jairo Lambari Fernandes, entre outros.


Iniciou seus estudos musicais aos 12 anos, no Instituto Municipal de Belas Artes de Bagé, no curso de violino e teoria musical. Fez parte da orquestra da instituição de 2001 a 2003.
Em 2004 ingressou no curso de Música da Universidade Federal de Pelotas, bacharelado em violino. No mesmo ano começou a integrar a Orquestra Filarmônica de Pelotas como primeiro violino.

Sua incursão na música regional gaúcha se deu através do tradicionalismo, no ano de 2005, quando veio a participar de conjuntos musicais de grupos de danças gaúchas do estado e participando de concursos como o Encontro de Arte e Tradição - ENART, onde obteve prêmios como o primeiro lugar na modalidade violino em 2006.

Participa de festivais nativistas desde 2007. Em 2008 recebeu a premiação Revelação no 21º Festival da Música Crioula de Santiago e em 2009 Melhor instrumentista da 6º Galponeira de Bagé. Apresentou-se em 2008 no IV Festival Internacional de Folclore, na cidade de Concepción, Chile.

Em paralelo com a atividade musical, em 2008 ingressou no curso de História da Universidade Federal de Pelotas, dando ênfase nas pesquisas em etnomusicologia, tendo como tema principal os festivais nativistas no estado e a identidade musical do Rio Grande do Sul a partir destes eventos.

Participou da gravação do trabalho do acordeonista Aluisio Rockembach, intitulado “Santa Flor”, e atua na banda do músico em shows e apresentações. Participa ativamente nas gravações fonográficas de música regional gaúcha, onde possui gravações com nomes reconhecidos no cenário musical rio-grandense.
   


O Rio Grande do Sul tende a se caracterizar pelo enaltecimento de uma história baseada num passado guerreiro, onde se busca nas lutas de defesa de fronteira, o heroísmo (O centauro dos pampas, ou o monarca das coxilhas), do homem no campo de batalhas, forte, viril, destemido, uma figura altaneira.



A caracterização deste ser mitológico, ou melhor, sua atualização a cada trinta anos, segundo Luis Carlos Barbosa Lessa (1985) em seu livro Nativismo, um fenômeno social gaúcho, mostra que embora essa imagem tenha surgido junto a uma classe intelectual, ela se popularizou com uma velocidade impressionante.


Em uma reflexão sobre as definições de cultura e seus diversos segmentos dentro da sociedade, como as manifestações folclóricas, antropológicas, de usos e costumes de determinado povo, em especial o gaúcho, em analise, vemos que há uma tentativa de definir cultura gaúcha, como um todo, quando se manifesta suas tradições.

É muito comum durante os Festejos Farroupilhas, data magna do estado do Rio Grande do Sul (de 14 a 20 de setembro), se ouvir que as manifestações que ali ocorrem referem-se a cultura do gaúcho. Voltando as definições, se cultura são “todos” os saberes acumulados e transmitidos pelas gerações, neste caso não somente os usos, costumes, princípios e valores selecionados pelo tradicionalismo ¹ podem ser levados em consideração como cultura Gaúcha. Não podemos cair no equívoco de considerar uma manifestação popular considerada “autêntica”, por seus seguidores, como majoritária ou como um “todo”. Cultura gaúcha é algo bem mais amplo e complexo.


Existe uma dinâmica cultural que acompanha a sociedade em que ela está inserida. Segundo Ruben Oliven, a identidade gaúcha é, hoje, resposta enquanto expressão de uma distinção cultural em um país que se encontra integrado do ponto de vista econômico, cultural e de redes de transportes e comunicação. Para os habitantes do Rio Grande do Sul só é possível ser brasileiro sendo gaúcho antes, pois somente se chega ao nacional partindo do regional.

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