O trabalho de pesquisa que desenvolvo, inédito, busca reunir conhecimentos e experiências que obtivemos nos últimos 15 anos sobre o tradicionalismo gaucho e suas diversas faces. O foco é o patrão, administrador do CTG, produtor de eventos e que, ao não se atualizar, faz com que o segmento cultural, tradição e folclore, perca a oportunidade de uma melhor projeção, sendo esse seu objetivo.
Os CTGs nascem em meados da década de 40, do século passado, para suprir uma necessidade social de pertencimento. O homem rural, morando nas cidades, buscava na formação de um novo grupo local (definição dada por Barbosa Lessa em sua tese – O Sentido e o Valor do Tradicionalismo) que tivesse uma identificação cultural, fosse ela de ordem material ou imaterial.
Com o passar dos anos a proliferação dos centro de tradições, pelo estado e pelo Brasil (mais de 3000 hoje), contribuiu para o enriquecimento deste segmento cultural. Ao mesmo tempo em que passou a criar concorrentes num mercado que começou a ficar saturado. Pessoas que se desentendiam num CTG, saiam e criavam outro logo adiante, dividindo o público associativo que não crescia na mesma proporção. Por serem voluntários, os membros das patronagens (diretorias) não tinham o preparo necessário para gerir as entidades, salvo raras exceções. O resultado foi que muitos CTGs pelo estado “quebraram” ou ainda existem se mantendo no dia-a-dia, pagando contas e gerando outras.
Os eventos estavam tomando o mesmo rumo. Até que a chamada: maior festa popular do Rio Grande do Sul, os Festejos Farroupilhas, passou a ser administrada sob uma nova ótica. Projetos de leis de incentivo foram desenvolvidos, profissionalizaram algumas áreas estratégicas, sem perder o foco do voluntariado, o evento passou a ter planejamento, tornando-se viável e sustentável.
Com o pensamento voltado para a COPA de 2014, no Brasil, e conseqüentemente, no Rio Grande do Sul, este projeto de pesquisa, tem como objetivo alertar os patrões de CTGs, piquetes, DTGs, organizadores de eventos do segmento tradição e folclore, para uma rápida atualização no campo da gestão cultural, no desenvolvimento de projetos de sustentabilidade, de crescimento para as entidades e eventos, da busca pelo conhecimento e aproveitamento das ferramentas que a tecnologia oferece.
Fazer com que os Centros de Tradições Gauchas consigam se organizar e se transformar em pontos de cultura, mesmo que com um só segmento definido, compreendendo a diversidade cultural e, assim, poder ser considerado o patrão, como um moderno gestor cultural.
O projeto justifica-se ao contextualizar a gestão cultural dentro do cenário de transformações do processo de globalização e o contraditório (moderno x tradicional) movimento de preservação de tradições regionais. Especialmente, discutir a administração e gestão dos CTGs proporcionará uma visão ampla das estratégias de gestão cultural, mesmo que de um segmento específico.
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