terça-feira, 1 de abril de 2008

MRTG - Movimento de Reação dos Tradicionalistas Gaúchos!



Foto: Divulgação
Na sociedade hodierna, movida pela lógica do consumo e da lucratividade, sabemos que cada vez mais os patrocinadores tendem a se apropriar daquilo que se propõem a custear.


Na cultura do Rio Grande do Sul, como no Brasil e no mundo, não é diferente. Nesse sistema capitalista selvagem em que vivemos cultura só serve como muleta para o lucro. Por conseqüência, o mercado country, utilizando-se do poder econômico, passa a pialar a cultura patrocinada, dominando-a, domando-a, utilizando-se da sua força e direcionando-a para os seus vorazes interesses: o lucro a qualquer preço! O resultado no campo da cultura gaúcha é conhecido.


Há muito assistimos estarrecidos os inúmeros despropósitos, todos eles comprometidos com interesses de toda a ordem, aumentando assim a distância do povo da sua verdadeira cultura para o aproximar cada vez mais daquela imposta pelos interesses mercadistas. Sai de cena o tradicional tirador do gaúcho para entrar o uso da chaparreira dos texanos; a guaiaca cede ao cinto e à rastra platina; a bombacha - cujo nome sempre foi e é, em qualquer dicionário, sinônimo de calça larga - transforma-se em uma justíssima calça; e os tradicionais, históricos e lendários lenços sul-rio-grandenses são enterrados pelos lencitos floriados e pretos das griffes.


No entanto, essa apropriação indevida, por força do poder econômico, se legitima somente para os entes patrocinados, não para os reais detentores da cultura gaúcha: todo o Povo Gaúcho. Se os grupos econômicos fazem frente, inclusive, a governos poderosos, o que dizer, então, diante de algumas instituições submetidas a esses interesses econômico-financeiros. Dessa forma, não é necessário muito esforço mental para se perceber que o que gira o mundo, hoje, são ações de mercado. E a Cultura Gaúcha, esta há muito tem sido pialada nesse rodeio de interesses.


De sobre-lombo aqui, de cucharra lá; em todos os lugares tem levado tombos, e feios! Há alguns anos, conversando sobre Tradicionalismo com o então Deputado Federal Jarbas Lima, na sala da CCJ da Câmara dos Deputados, ouvi o seu posicionamento pessoal a respeito da tradição gaúcha, o qual respeito mas, com o todo o respeito que lhe é devido, continuo a discordar. Dizia o Tradicionalista Jarbas Lima que a tradição dos gaúchos é tão forte que estaria imune às influências externas.


Naquela época, ao contrário do pensamento do eminente parlamentar gaúcho, eu já entendia que, conforme o conhecido ditado água mole em pedra dura tanto bate até que fura, devemos estar sempre cuidando do que é nosso, sob pena de pagarmos um preço alto pelo descuido. E o que se percebe, hoje? A cada ano que passa o Tradicionalismo agoniza um pouco mais; as autênticas Tradições do bravo Povo Gaúcho são mais vilipendiadas, a tal ponto de tradicionalistas desligarem-se dos CTGs por se sentirem verdadeiros estranhos naquele ambiente, cujo objetivo da criação, a princípio, teria sido o do culto, da defesa, da preservação e da divulgação das autênticas Tradições Gaúchas.


E que se vê, no entanto, nessas entidades Santuários da Tradição? Deturpações, tais como maxixe, tchê music, música sertaneja, indumentárias estranhas, importadas da Cataluña, Argentina; peões dançando com chapéus texanos na cabeça e rebolando com as mãos na cintura(!?); ritmos inventados, modificados, sons estridentes e batucada com cantores gemendo, tudo para atender aos interesses pessoais e de mercado.


Mas esses atos são, na verdade, atentados criminosos contra a Cultura do Povo Gaúcho Brasileiro praticados no interior desses Centros de Tradições Gaúchas, com a complacência de certos tradicionalistas e de umas pretensas Entidades Tradicionalistas. Afora os Rodeios com vacas mecânicas ou puxadas por motos, ginetes despilchados ou muito mal pilchados, e o modo de selar o cavalo importado, temos, ainda, para completar a gama de desconchavos, nas comemorações dos 170 anos da Revolução Farroupilha e do Dia do Gaúcho - cujo tema foi justamente os usos e costumes do gaúcho -, a continuidade desses desrespeitos ao patrimônio cultural do Rio Grande do Sul, de forma generalizada.


A beleza da prenda gaúcha dissimulada nos trajes de peão, atendendo aos interesses do mercado, que assim vende em dobro cintos, botas, lenços, bombachas e chapéus; gaúchos desfilando sem a devida observância da autêntica e tradicional indumentária dos gaúchos brasileiros. Alguns, desrespeitando acintosamente a histórica simplicidade da pilcha gaúcha e contrariando as regras culturais do próprio órgão a que pertencem, desfilaram com camisas em cores berrantes, em flagrante contraste com o respectivo regulamento, este fundamentado nas pesquisas folclóricas de Lessa e Paixão Côrtes.


Transformaram-se, em função das suas vaidades pessoais, esses não cumpridores das normas culturais tradicionalistas, em exemplos negativos para a juventude gaúcha. Contribuiram, certamente, e de forma lamentável, para que outros incautos tradicionalistas venham, espelhados nos seus maus exemplos, a desnaturar uma centenária tradição. E além de tudo isso, a população de Porto Alegre ainda foi convidada a usar um chapéu country, na Data Maior do Gaúcho. Tal fato só podemos atribuir ao famigerado mercado, manifestando-se de forma nefasta na cultura dos gaúchos por meio de uma dessas lojas que vendem artigos importados e originados de outros povos ao público sul-rio-grandense, como se isso não fosse nenhum crime cultural; ou uma forçada doação de um dos inúmeros patrocinadores do evento, pois não é de se imaginar que essa tenha sido uma gentil iniciativa dos senhores organizadores do referido Desfile Farroupilha, por ser essa uma providência deveras despropositada.


Mas como diz uma das inúmeras máximas do Marquês de Maricá, a dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência. E é até natural que o mercado atropele a cultura e continue corrompendo consciências. No entanto, para usar outra máxima do mesmo autor, os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores. Os herdeiros do patrimônio cultural do Povo Gaúcho, entre eles os verdadeiros Tradicionalistas, estarão, em defesa dos seus reais interesses, montando a cavalo na razão que lhes assiste e indo à luta pelo resgate e pela preservação da sua riqueza cultural herdada, não da sociedade elitizada, mas dos verdadeiros gaúchos: os homens e mulheres simples do campo.


Com a lança do ideário farrapo trançarão o ferro pelas autênticas Tradições deixadas por nossos pais, avós, bisavós. À toda ação, ou omissão, há uma correspondente reação. A nossa já tem nome: MRTG – Movimento de Reação dos Tradicionalistas Gaúchos. Voluntários Tradicionalistas! Alistem-se, pois lutar é a marca dos Gaúchos Campeiros do Brasil!


fonte: www.guapos.com.br

Nenhum comentário: