terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tradicionalistas respondem a críticas de Nei Lisboa

Tradicionalistas respondem a críticas de Nei Lisboa

Declarações do músico Nei Lisboa sobre o regionalismo gaúcho repercutem na internet e geram respostas de artistas e representantes do tradicionalismo
Uma declaração do compositor Nei Lisboa publicada em Zero Hora gerou discórdia entre apreciadores da música regional gaúcha. As críticas feitas pelo cantor, abordando aspectos do tradicionalismo gaúcho, tiveram repercussão na internet, o que motivou o músico a escrever um novo texto (leia ao lado).

Em entrevista publicada no Segundo Caderno do dia 25 de janeiro, Nei Lisboa afirmou que "tudo em torno" da música gauchesca lhe parece "muito ruim, estética, ideológica e musicalmente". "A música gaúcha se torna intragável para qualquer pessoa mais esclarecida.(...) Eles foram absurdamente reacionários, a música começou a ser tutelada em termos do que vestir e não vestir em cima do palco" foi outro trecho forte da entrevista, endereçado ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).

Parte da resposta foi reproduzida no blog Roda de Chimarrão (www.zerohora.com/rodadechimarrao) no último dia 5: em dois textos, o jornalista Giovani Grizotti criticou a opinião de Lisboa. O que gerou ao todo 42 comentários de leitores - alguns apoiaram o músico, mas a maioria se alinhou, às vezes com indignação, com a posição do blog.

Em contato com Zero Hora, o cantor João de Almeida Neto defendeu a qualidade da música regional destacando a obra de artistas como Mário Barbará, Luiz Carlos Borges e Jayme Caetano Braun. Almeida também rebateu a associação entre "regional" e "reacionário":

- Tem muita coisa bonita, do ponto de vista poético e musical. E tem muitos artistas com engajamento social e ideológico. O movimento nativista é pluri-ideológico. Se vou subir ao palco, não tem um porteiro fiscalizando se estou de guaiaca. Não acreditem piamente no que o Nei disse.

O presidente do MTG, Oscar Gress, não quis comentar o episódio. O presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), Manoelito Savaris, discordou de Lisboa:

- Ele foi deselegante. Não acho que precise ser trucidado, mas acho que perdeu pontos com quem admira outros estilos de música.

O compositor Bebeto Alves, que historicamente transita entre diferentes universos musicais, incluindo o regionalismo e o pop, considera a polêmica um tanto ultrapassada.

- Somos gaúchos, rio-grandenses ou sul-brasileiros de várias origens, com formações diferentes - observa Alves. - Essa identidade (a do tradicionalismo), que se buscou durante anos, não nos serve mais como sendo uma única. Não o é definitivamente e faz tempo.

FONTE: ZH DO DIA 16/02/2010

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